São nove horas da manhã, começa o dia. Resolvo acordar de vez, dou “bom dia” à Mãe, abro a janela, vejo o Sol. Sol que tem me lembrado você, por tanta luz e por você adorá-lo tanto. Estranho isso, no melhor sentido; porque enquanto todos nessa cidade andam reclamando dos 38 graus, eu ando bendizendo o Sol, até mesmo quando o ar-condicionado não basta naquela Defensoria Pública. Bate aquele calor, vejo o sol, penso em você.
Ato contínuo, começo a organizar minhas leituras, jornais, sites, meus livros. Ligo o rádio, gosto de ouvir música enquanto leio. O som que toca é Leoni, mais uma das suas músicas maravilhosas. Essa é das antigas, “Só Pro Meu Prazer”. Essa música pode ser interpretada de tantos modos, veja você: a mais óbvia e talvez mais intencional interpretação seja aquela em que o cidadão retratado na música é tão egoísta, que ele quer a mulher da forma dele, para o prazer dele. O Leoni faz, inclusive, esse raciocínio no show, de forma implícita. Se você for comigo ao show, no Cultural – está aí mais um convite -, dia 26, você verá. Ele termina a música intercalando o “Eu quero você como eu quero”. Sem a vírgula, compreende? Prosseguindo na minha loucura de ouvir a música e me imaginar te explicando tudo isso em mais uma conversa sob pôr-do-sol, a outra interpretação é que o sujeito é tão apaixonado, que ele não aceita condição diversa a não ser possuir o objeto do amor dele. Ele tira a roupa, faz a maior ficção de amor, recria, imagina, deseja que tudo aquilo seja verdade. Tanto que ele diz para a pessoa não vir com aquelas insinuações de qualquer medo normal. Ele quer ir em frente. Quer que seja um relacionamento vindouro.
Cantarolo o trecho de agora junto com o Leoni: "Noite e dia se completam no nosso amor e ódio eterno / Eu te imagino/ Eu te conserto/ Eu faço a cena que eu quiser/Eu tiro a /roupa pra você/ Minha maior ficção de amor/E eu te recriei só pro meu prazer/Só pro meu prazer...". Sensacional.
Já passaram alguns meses que te conheço, passaram dezessete dias que te (re)conheço. A Fê definiu muito bem no blog dela, o que sinto em relação a você: é uma sensação de partida...como se eu estivesse chegando em casa. Caminho para saber mais de ti, embora seja como eu te conhecesse há anos. Bate frio na barriga para te encontrar, porém encontro e fico tranqüilo. Noites e dias se completam desde então. Só de amor. Amor da cabeça aos pés. Nada de ódio. Ódio, embora seja uma palavra forte, somente se for de algumas minúcias leves, que levam à música novamente.
Eu te imagino sempre. Nos lugares comigo, imagino o que você acharia daquela música, daquele texto, se me acharia louco demais por pular do início ao fim no Tributo aos Los Hermanos. Se me acharia figurinha carimbada do Cultural, quando a Caca me perguntasse no bar se “era o de sempre”. Imagino seus olhos apertados quando você sorri. No último show, o sol nascia quando saí de lá. Seria um final apoteótico, para uma noite perfeita. Imagino, também, se não exagero nessas descrições todas. Acredito que te falei aquele dia pessoalmente: É muito querer, sem pressão. Tudo que aconteceu não é puro destino. É tempo certo demais, por isso sou refúgio e posso ser Casa Pré-Fabricada. O importante é que somos e, principalmente, que estamos. Está na minha vida.
Sabe, nessa estória de imaginar, acabo consertando as minúcias que narrei. Quando “conserto”, eu acabo esquecendo que você tem um passado forte, que você, assim como eu, é apegada às coisas, às pessoas e até se acomoda. E te conserto, imaginando você bem resolvida com as coisas que passaram, olhando pro refúgio e querendo fixar moradia naquele lugar. Com você por ali, eu imagino que aquele será um excelente lugar. Você deixa aquele lugar mais leve. Afinal, você deixa tudo mais leve. Conserto-te e vejo a senhorita chegando de vestido para ver a Casa de perto. Analisando se é realmente bem arrumada por dentro, sentando de perna de índio no jardim, vendo o espaço em que crescem as margaridas. Enfim, eu te imagino, eu te conserto. Se você enxergasse por entre essa tela, esse texto, me veria bobo, quando faço a cena que eu quero.
Tiro a roupa de futuro advogado, bom aluno, estagiário responsável, me desmascaro todo. É sensacional isso de poder contar dos sonhos, dos anseios, dos objetivos. Mostrar-te um pouquinho o lado filho, irmão, tio, sambista hehe, rockeiro, Hermano ;P e te falar das coisas que penso, com a certeza de que você irá receber como palavras sinceras e não como desesperada declaração ou afirmação buscando algo mais. Aquela tal de PAZ que a gente anda proclamando um para o outro e que você tem me entregado em doses excelentes a cada segundo.
Você é tão perfeita. Embora, a música que tocou seja Leoni. Ontem, a música foi Nando Reis com Cássia Eller. Chamada “Com você (O Meu Mundo Ficaria Completo)”. Tem um trecho que retrata essa “ficção de amor”. A Cássia berra: “Não tenho dúvidas que com você daria certo. Juntos faríamos tantos planos. Com você o meu mundo ficaria completo”. Não tenho dúvidas mesmo. Afinal, do jeito que estamos até agora, tem dado muito certo.
Eu te imagino, “te conserto” e te recrio pro meu prazer. Naquela interpretação de querer dar certo. Porém, se fosse do jeito que imagino, seria praticamente milagre. E como você bem observou em um trecho e agora devolvo a observação, porque te cabe também: mas milagres não costumam ser tão perfeitos. E tu és, Moça. Perfeita nos atos, na confusão e nas decisões.
Meus amigos andam dizendo que você tem me feito bem. Até a chefe diz que ando mais tranqüilo, te contei, não é? É que antes, eu não acreditava em tempo certo. Você mudou isso com aquelas tuas teorias de “receber aquele olhar que a espera valeu a pena” e “o que é esperado com fé, há de ter muita força”. Acabei cultivando a danada da paciência. Acabei cultivando o querer, mas não pressionar. O declarar, mas não exigir. A sinceridade, mas sem qualquer pretensão de algo em troca. Então, digamos que eu até imagino, te conserto, recrio. Contudo, você me traz paz. Você me faz querer ser melhor, ainda que eu mantenha a característica de ser exagerado. Conclusão, acho que eu me recriei, só pro seu prazer. Só pro seu prazer.
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Postagem Coletiva. Veja os prazeres deles também!
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ResponderExcluirNossa, por alguns minutos viajei a imaginar a sua criação para o seu prazer, não sei se é real, mas tem todo o aparato para ser. Parabéns, gostei menino.
ResponderExcluirPois é, dessa vez eu consegui participar, foi bom vê-lo nos comentários desse post. Abração,
Charlie B.
Que lindo!
ResponderExcluirMe lembrou outra letra maravilhosa do Nando: Estranho seria se eu não me apaixonasse por você...
Pelo visto serve pra você também essa trilha sonora.
Beijo moço!
Poxa rapaz, contou a tua história... é a tua história não é? Uma perspectiva nova e que bom que tu pode viver tudo que a música fala.
ResponderExcluirLegal q também seja fã de música brasileira. \o/
Tá cada vez mais dificil hj em dia, pelo menos da boa música.
abraço
poder dizer pra alguém, sem nenhum problema, restrição, medo, o que se sente por essa pessoa, é uma delícia.
ResponderExcluirSeu psot me fez pensar que eu também devia acreditar nessas coisas de tempo certo. obrigada pelo texto, sinceramente =)
Primeiro: te agradeço as palavras no comentário lá da Caixa e quero te dizer que te perdoo pelo erro ético que tu sabe bem qual é. De nada adianta guardar ressentimentos por algo assim, então, tudo bem.
ResponderExcluirSegundo: teu texto, tua história (pelo menos parece ser tua) dão ampla visão do que é um sentimento calmo. É a espera dia após dia e esperança de chegar lá, ter o amor além da conta. Ficou bonito, simples e gostei demais das músicas que tu citou, pois gosto demais de cada uma.
Bonito, bonito.
Beijo, moço!
Que história! Repleta de detalhes e coisinhas tão reais e marcantes. Tantos sentimentos juntos nesse amor tão lindo, o amor é assim, consertar e sonhar. Lindo! Beijos
ResponderExcluirUau Andrey, se inspirou bonito nesse hein?
ResponderExcluirEu gostei do fim, que tu mesmo admite ter sido criado pro prazer de alguém. Fugiu de tudo que li até agora e gostei demaaais da conta!
Tu é um espanto, guri!
Uau!
ResponderExcluirO que eu posso dizer depois de tudo isso?
Nem sei se vou ter coragem de postar meu texto sobre a mesma música...
'Eu sei que tudo vai mudar, quando você vier... Pra ser o que eu vivo a esperar, para ser minha mulher... Eu sei vai ser tudo de bom, mas esse alguém tem que acreditar: amor foi feito pra durar' (Rádio Táxi), o texto me lembrou essa música...
Beijos!!!!!
E em cada palavra lida, eu encontro mais força. Te disse que sempre és para ter fé e eu sei que ando tendo fé por demais. E agora eu entendo onde está o meu 'estoque'. Está em você. Texto maravilhoso, gostoso de ler. Daqueles que vai arrancando os sorrisos do rosto, sabe?! Terminei até com a mão na boca pra ver se esconde um pouco. Você diz que fica bobo porque ainda não me viu quando te leio! :x ieuhiueheuhei
ResponderExcluirE eu te adoro... muitomuitomuito!
E quando é pra falar de você ou sobre você, me fogem as palavras, afinal, 'milagres não costumam ser tão perfeitos.'