quinta-feira, 29 de abril de 2010

Refrão de Bolero

Nós poderíamos ser amantes que bebem champanhe pela manhã aos beijos num hotel em Paris; é o que o Caio Fernando está dizendo aqui e eu concordo. Nós poderíamos ser tantas coisas.


Nós poderíamos ser os melhores amigos apaixonados, os melhores cúmplices de viagens à lua dentro do nosso quarto (ou da sala, por quê não?). Poderíamos ser os caminhantes-de-mãos-dadas daquela praia de areia branca de Cabo Frio ou litoral paulista ou qualquer outra praia maravilhosa (mas que, de fato, não seria tão maravilhosa quanto você. Seria apenas moldura). Nós poderíamos ser autores daquele crime perfeito. Poderíamos ser a capa de jornal, melhor: capa de livro de romance bem sucedido no século XXI, quando todos desacreditam de romance-amor.


Poderíamos. Sucumbimos ao mal do século: "não quero me envolver pessoalmente com ninguém".  É que eu fui realmente sincero como não se pode ser e, talvez, por isso eu te afugente tanto. Você corre de um abraço de braço só que te envolve, porque no outro braço está seguro o mundo prontinho para te entregar. Você se nega, afinal, com tanta facilidade é bem mais fácil escolher sofrer, realmente. É mais fácil ser triste.


Me perco ainda nos nossos planos, não tanto quanto me perdia em nossos beijos. Queria a possibilidade produzindo efeitos. Me cansa esse "quase" de toda hora ter que contar os minutos pelo teu regresso. Ainda me bate a esperança ver-te atravessar a porta e dizer: "Vida minha és Tu".

Adivinhe, você. Eu que não bebo, estou aqui nesse bar. Bar nosso, lembra? Falando com o Ceará, aquele garçom que viu nosso primeiro beijo. A noite vem chegando, eu tenho que ir para casa. A nossa, também está lembrada?

Antes, ardia à noite. Agora, adio o dia.


Coração na mão como um refrão de um bolero
Eu fui sincero como não se pode ser.
Um erro assim, tão vulgar, nos persegue a noite inteira
E quando acaba a bebedeira ele consegue nos achar num bar
Com um vinho barato, um cigarro no cinzeiro
E uma cara embriagada no espelho do banheiro
(Refrão de um bolero - Engenheiros do Hawaii)
 
 
* Texto fictício, deixando claro hehe (coisa rara aqui no Agravo)
** Outros que cantaram o refrão! (Postagem Coletiva)




7 comentários:

  1. Andrey, saudade dos teus textos.

    Seguinte eu sucumbi. Não acredito mesmo no amor, pra mim é tudo ilusão. Triste? Um pouco. Mas ando preferindo assim. É preciso aprender que o vazio também é inspirador.

    Bjão.

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  2. Pareceu tão real que se não fosse pelo P.s. diria que sofrer por amor é tão melhor quando se sofre "por nada", sem motivos, peloo vazio; isso sim é triste. Pelo menos por amor você ainda pode sorrir e devanear.

    Saudades daqui! :D
    Beijos
    :*

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  3. é tão ruim essa saudade que insiste em ficar. E as coisas que insistem em nos lembrar o quanto foi bom....

    :*

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  4. Vi teu blog no blog da brenda, gostei muito. amo refrão de um bolero. Engenheiros do hawaii é uma das minhas paixões, seus textos são otimos. *-*

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  5. A saudade pausada, tocando suave, martelando nas teclas de um peito embriagado...

    As noites se consomem os dias são lentos...
    E o coração na mão, rodopiando...em um refrão que insiste em tocar...

    Ah e me tocou tanto teu texto, beijos

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  6. aah, não resisti e voltei pro blog! uiehieuheiu E você, como sempre, arrasando nesse seu dom de escrever, né?! Lindo texto! :D

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  7. Nem é recente o texto, mas mexeu comigo um tanto. Putz!! Talvez porque eu esteja nessa de viver sempre pelo quase, quase sendo feliz, não podendo ser por ter que esperar a permissão do outro lado... Porque a gente sempre complica tudo hein? Eu queria que relacionar-se com os outros fosse a coisa mais simples do mundo, queria que os outros me entendessem como eu faço força pra entender... Queria reciprocidade. Só.
    É pedir demais né?

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